O Gato da Areia |
O Gato da Areia |
Foto de Peter Cromer |
Dados:
Comprimento |
73
a 91 cm |
Peso |
2
a 3,4 kg |
Altura |
24
a 30 cm |
Área
|
Norte
da África a sudeste da Ásia |
Habitat |
Dunas
e desertos rochosos |
Reprodução |
De
1 a 5 filhotes nascidos anualmente após 60 a 69 dias de gestação.
Maduro sexualmente com 9 a 14 meses de idade |
Cor |
Cinza
passando pelo amarelo pálido. Estrias vermelhas nas bochechas e metade da
face branca. |
Os
chamados gatos da areia são os verdadeiros gatos do deserto e suas cores são
matizes que combinam com o seu meio ambiente. A pelagem é macia e densa de cor
que se assemelha à areia variando de um marrom areia para um cinza claro,
levemente mais escuro nas costas e mais claro na barriga. Uma faixa avermelhada
atravessa cada um dos lados de sua face partindo de cada um dos olhos. A parte
inferior da face e do peito é de uma cor de um matiz mais claro. Suas orelhas são
de um amarelo escuro com a ponta
preta assim com sua cauda a qual tem anéis pretos próximo à ponta. Na lateral
também tem faixas mais escuras que podem ser vistas quando suas pernas estão
alongadas. Sua cabeça larga tem grandes olhos posicionados para frente e suas
orelhas dirigidas para baixo possibilitam grande audição para um ambiente
cujas presas são escassas. Outra adaptação ao deserto é uma densa cobertura
de pelos em suas patas que oferece proteção contra o calor das areias do
deserto e que possibilita um avanço silencioso em superfícies soltas. Ele
desenvolveu uma pelagem espessa que o isola de bruscas variações de
temperatura do frio da noite para o calor do ambiente durante o dia.
Este parente próximo do gato selvagem europeu, o “Felis silvestris” mostra
uma nítida preferência para os terrenos extremamente áridos, seja espaços
arenosos, seja rochosos ou de vegetação escassa. Na Arábia ele é visto em áreas
rochosas. São também encontrados ao longo do deserto da Saara, do Marrocos à
Mauritânia no oeste até o Egito e Sudão no leste. Entretanto não é
encontrado em muitas áreas típicas de seu habitat. Isso pode ser verdade ou
puramente resultado de uma observação incompleta.
Gatos
da areia não são grandes saltadores e nem grandes escaladores. Entretanto são
hábeis cavadores de túneis. A escavação é muito importante
para construir e aprimorar tocas e escavar roedores de fora de seus
buracos. Suas garras são muito afiadas já que há pouca oportunidade de
afia-las no deserto. Quando estão atravessando áreas abertas mantém uma posição
abaixada com as pernas dobradas. Suas orelhas abertas na sua cabeça larga
permitem passar por entre as rochas sem a mínima exposição possível. Como o
ar seco e quente do deserto transmite os sons a grandes distâncias, suas
grandes orelhas são necessárias para captar os fracos sons emitidos por suas
presas. Elas são os roedores dos gêneros “gerbides”, “jerboas” e “voles”,
preás, pássaros, répteis, aranhas grandes e insetos. Eles oferecem alimento e
a umidade necessária para a sobrevivência em ambientes tão áridos. Seus
inimigos naturais são as cobras venenosas, chacais e grandes corujas.
Entre
os nômades do deserto os gatos da areia tem fama de ser caçadores de cobras,
particularmente das cobras de chifre e víboras da areia as quais lançam jatos
de veneno nos olhos das vítimas antes de abate-las com uma picada no pescoço
que são cobertas com areia para serem devoradas mais tarde.
Principalmente
um animal noturno, eles passam as quentes horas do dia em uma toca sombria
cavada em uma duna ou sob um arbusto. Eles tem sido vistos ocasionalmente
durante o dia em espaço aberto perto de suas tocas em um postura de irradiar o
calor interno. As tocas são compartilhadas por
vários indivíduos mas não ao mesmo tempo. À noite eles tomam uma posição
de vigia na boca de suas tocas durante uns 15 minutos antes de sairem. Eles se
mantém ativos durante todo o período noturno, caçando e vagando numa média
de cerca de 5 km. Antes de se esconderem para o período noturno eles novamente
vigiam a boca da toca por outros 15 minutos.
O primeiro campo de estudo desses gatos foi Israel, onde os biólogos
descobriram que eles são muito difíceis
de seguir e acompanhar. O pelo em suas patas evita que elas afundem na areia
fofa e assim suas pegadas são praticamente invisíveis. Quando uma luz é lançada
sobre eles os gatos fecham seus olhos para que não haja reflexos. Este
comportamento somado à sua coloração protetora, constitui um problema para
que os está estudando. Eles também enterram seus dejetos tornando impossível
estudar seus hábitos alimentares. Descobriu-se que os territórios dos machos
se sobrepõem e são de aproximadamente de 16 km².
Os gatos da areia são animais solitários com uma população muito baixa e
fazem uso de um forte chamado de acasalamento tal qual o latido de um cachorro
pequeno. Esse som somado ao sua poderosa capacidade auditiva possibilitam
encontrar outros de sua espécie mesmo a longas distâncias. Outros sons
emitidos são análogos aos gatos domésticos, tais como miados, ronronados
soprados, etc. Gemidos e comportamento defensivo também são análogos aos
felinos domésticos assim como a ato de cavar com suas patas dianteiras no solo
arenoso.
A época de acasalamento é de março a abril e após 60 a 69 dias de gestação
nascem de um a cinco filhotes em uma toca no meio das rochas. O peso ao nascer
é de 50 a 60 gramas. Em duas semanas seus olhos se abrem e sua primeira
aventura fora da toca acontece com três a quatro semanas de nascidos. Sua
maturidade sexual ocorre de 9 a 14 meses. Há casos de gatos da areia que
viveram até 13 anos em cativeiro.
O Programa de Sobrevivência da Espécie dos Gatos da Areia foi estabelecido
pelo Museu do Deserto Vivo da Califórnia em 1990. Este é um dos muito poucos
registros de pequenos gatos selvagens.
Assim
como a maioria dos pequenos felinos, o seu número no ambiente agreste é
desconhecido. Os gatos da areia são capturados pelo comércio illegal de
animais de estimação e da prática de abater animais selvagens “por
esporte”. Durante a Guerra do Golfo os incêndios e bombas aparentemente não
afetaram os gatos. Entretanto um grande fluxo de pessoas com armas que atiram em
qualquer coisa que se mova está fazendo o seu estrago. Felizmente os gatos da
areia são animais noturnos e dormem durante as horas que as pessoas estão
ativas.
Contrariamente à maioria dos animais selvagens o habitat predileto dos
gatos da areia não se perdeu com a constante desertificação em andamento que
pode até beneficiar a espécie. Na Argélia eles não são considerados como
uma ameaça às galinhas e nem são capturados para serem vendidos como animais
de estimação. Igualmente os nômades Toubou, vivendo à noroeste do lago Chad
consideram o gato da areia são considerados como ladrão de galinhas que entram
em seus acampamentos durante a noite. Entretanto eles em geral não reagem em
função da tradição religiosa de respeito a esses pequenos gatos.
A tradição reza que eles fizeram companhia ao profeta Maomé e sua
filha.
Uma das sub-espécies, o Gato da Areia Paquistanês, F. m. Scheffeli, está listado como em fase de extinção e pode estar extinto na natureza. Há falta de informação sobre a legislação com relação à proteção dos gatos da areia mas a caça está proibida em oito países. Outros 18 países da área em que habita esse animal permitem ou a caça ou não há informação nesse sentido.
Bibliografia: International Society for Endangered Cats Canadá.