Outros Artigos sobre Zoonoses |
Dr.
FRANCISCO JOSÉ LIMA DE SÁ
Formado pela Universidade Rural do Rio de Janeiro e Sócio Proprietário da Veterinária Ribeira. |
A
esporotricose é uma micose sistêmica e
uma das doenças que acometem os felinos. Ela é
classificada como uma zoonose. Como já expliquei acima são considerada
zoonoses doenças animais que podem ser transmitidas ao ser humano.
Apesar
dessa classificação, não significa que o ser humano só seja afetado pela
esporotricose através dos felinos. Ele pode se contaminar diretamente e da
mesma forma que os animais.
A doença
é causada através de um traumatismo na pele causado por gravetos, espinhos e
outros e pode abrigar nesse traumatismo/feridas o fungo Sporotrix Schenckii.
Este fungo vive em locais tais como vegetais, solo e restos orgânicos
predominantemente em países tropicais embora seja encontrado em todo mundo.
Os
sintomas da doença são: lesões localizadas na cabeça, mãos, patas e caudas.
Na sua fase inicial a doença pode ser confundida com feridas comuns causadas
por brigas entre gatos. Entretanto essas feridas ou caroços se transformam em
úlceras com pus e crosta.
No
agravamento da doença o animal pode apresentar um quadro de falta de apetite,
aumento da temperatura do corpo (febre), prostração e a disseminação das
feridas em outras partes do corpo.
Para
se tratar um felino com esporotricose deve-se seguir atentamente as orientações
dos veterinários. Atualmente existem, no mercado, medicamentos a base de itraconazol
que têm apresentado bons resultados. A
medicação deve ser utilizada até a total cicatrização das
feridas para evitar uma recidiva.
Outros
procedimentos que devem ser aplicados são:
Þ desinfecção no local onde o felino permanece com hipoclorito de sódio. A dosagem deve ser feita pelo veterinário;
Þ
separar o animal doente dos outros;
Þ
atenção do profissional ou do dono do gato para a assepsia correta após
o contato com o animal;
Þ
cremação do animal em caso de falecimento devido à doença e,
Þ
a castração dos gatos machos que, por circularem pela rua, são mais
propensos a brigas que podem causar feridas e acidentalmente abrigar o fungo.
Esperando ter sido sucinto na descrição da doença, coloco-me à disposição dos internautas para outras quaisquer informações.
A toxoplasmose é uma doença que acomete o homem e uma grande variedade de animais. Ela é causada por um protozoário intracelular conhecido como Toxoplasma Gondii, onde os gatos e felinos silvestres são considerados hospedeiros definitivos. Felinos podem eliminar em suas fezes formas não contagiosas (oocistos) que levam de 1 a 5 dias para desenvolver no seu interior esporocistos com a forma infecciosa (espororoítas). Esses esporocistos podem sobreviver no solo por vários meses se as condições ambientais porem favoráveis.
Os felinos adquirem esses oocistos pela ingestão de pássaros, roedores e carne crua. Geralmente não sofrem de toxoplasmose clínica e só eliminam oocistos somente por uma semana em todas as suas vidas. Há casos de uma segunda eliminação quando secundário a outras infecções. O cão não elimina a forma infectante do toxoplasma gondii.
O animais podem adquirir a infecção através de ingestão de oocistos infectantes presentes no solo, água e alimentos ou em cistos encontrados em alimentos de origem animal. Quando as fêmeas estiverem em período de gestação pode ocorrer desde reabsorção do feto até aborto no final da gestação. Isto não exclui a possibilidade de alguns filhotes que nascerem de fêmeas positivas para toxoplasmose adquirirem o parasito sem sinais clínicos da doença.
Prevenção: quanto aos felinos.
1 – não dar carne crua para gatos, só cozida;
2 – Limpar a caixa de areia todo dia, evitando que seja feito por uma gestante;
3 – Depósitos de grãos devem ficar cobertos para impedir que os gatos defequem no local;
4 – Manter a lata de lixo fechada para impedir que os felinos comam vísceras;
5 – Gatos não devem ficar próximos de animais gestantes;
6 – Geralmente, os gatos limpam-se e raramente suas fezes permanecem nos pelos. Portanto, o risco de adquirir toxoplasmose de gatos de dentro de casa é mínimo.
(Tinha
ou micose)
A micose é um problema muito comum na rotina clínica e tem uma grande importância na saúde pública, pois algumas espécies que afetam caninos e felinos podem afetar também o ser humano.
Embora muitas espécies afetem o homem poucas afetam também os animais. Dentre estas, quatro espécies podem ser transmitidas de animais contaminados para o homem por contato direto ou por apenas contato com o ambiente contaminado por restos de pêlo infectado.
As pessoas imuno-suprimidas (Aids, câncer e outras) e as crianças são as que devem ter mais cuidado. Os felinos muitas vezes são portadores assintomáticos e apenas com um exame minucioso, utilizando-se uma “Lâmpada de Wood”, que floresce a lesão fúngica , e um raspado de pele, podemos fechar o diagnóstico.
Como arsenal terapêutico temos várias possibilidades, mas sempre não esquecendo da desinfecção do ambiente com soluções cloradas.
Todo gato adquirido deve ser examinado, pelo veterinário, antes de ser introduzido numa casa onde já residam outros felinos e de preferência ficar em quarentena para dar tempo de manifestar qualquer doença sub-clínica incubada.
Gostaria de finalizar lembrando que nos cães uma das causas principais deles contraírem micose é o excesso de banhos com produtos não específicos (sabão de coco) que retira a proteção natural da pele (oleosidade), favorecendo o desenvolvimento de fungos. O ideal é dar banho o menos possível, escovar mais o pêlo e quando necessário usar shampoo ou sabão neutro (glicerina).
(Visceral
ou Calazar)
A Leishmaniose é uma zoonose que ocorre com grande incidência na região sudeste, transmitida por um protozoário cujo vetor é um mosquito. Os reservatórios na floresta são o gambá e a raposa; nas cidades são os cães errantes. Os sintomas dessa zoonoses são diferenciados entre os homens e os animais. No homem o quadro consiste em: febrão, perda de peso, anemia, aumento do fígado e do baço. Quando não tratado, o óbito pode ocorrer de 1 a 2 anos depois. Já nos cães apresentam: emagrecimento, nódulos ou ulcerações nas bordas das orelhas, hemorragia intestinal, paralisia dos membros posteriores, cegueira, caquexia podendo evoluir para o óbito.
Os animais assintomáticos, ocorrem sempre em maior número (60%) podendo evoluir para a cura espontânea, para a forma crônica ou para o óbito.
O processo de urbanização associado às mudanças ecológicas favoreceu o maior contato com o mosquito transmissor e infelizmente uma das formas de conter essa doença consiste em fazer eutanásia nos cães errantes de áreas consideradas de risco.
Não existe vacina para prevenir embora já existam coleiras com o objetivo de espantar o mosquito mas sinceramente não sei até que ponto é eficaz.